sábado, 30 de dezembro de 2017

"Tentando sair da base dos pelos do coelho"

  


  Muitos anos passaram desde aquele dia em Paris. Hoje, 30 de Dezembro,  22:19. Não é só o fim do dia, mês ou ano mas também parece ser o fim de tudo. Por tudo não nos referimos a algo especifico, mas a tudo mesmo: Não queremos dizer morte nem separação, só dormência; nada profissional nem amoroso, acadêmico ou econômico. Dormência existencial.
  Após vinte e tantos anos entorpecido, havia percebido-me acordado na Torre Eiffel, falando com Meg. 
— Ou comigo mesmo...
— Quis dizer nós mesmos. Outro monólogo, que seja.
   Lembro vagamente de ter levantado da rede, convicto então de minha consciência perante a vida. Quando foi que entorpeci novamente?
— Acredito que a pergunta correta é: estamos consciêntes nesse exato momento?
— Como saber se alguma vez já estivemos?
— Já acreditamos estar.
— Acreditamos em várias coisas, erramos em muitas delas.
— No presente ou pretérito perfeito? O desuso do acento me confunde.
— Pretérito perfeito. Que nem merece esse nome idealizado. Se fosse tão bom ainda acreditaríamos.
— Prolixo.
— Quer objetividade? Isso é outro sonho.
— O que nos leva a crer nisso?
—  Meus óculos quebraram, estou ouvindo Richie Kotzen - High (2014 Version) e estou feliz. Diferente de quando começamos a escrever.
— Engraçado, só acreditas estar acordado quando está infeliz. Por quê?
— Felicidade entorpece. Quase tanto quanto indiferença. A infelicidade é o único momento que realmente me importo, não com os outros, comigo mesmo.
— Egoísta.
— do Latim EGO, “eu”, mais o sufixo -ISTA, indicando “adesão a doutrina ou costume”. Doutrina de mim mesmo. Os que nunca são deveriam repensar o assunto. 7,6 bilhões de pessoas no mundo, se tirarmos 1 hora pra pensar em cada vai levar pouco mais de 879 mil anos pra pensar nas que estão vivas nesse momento. Fora as que já se foram e as que ainda estão por vir. Não quero dizer que deve-se ignorar o sofrimento alheio ou mesmo deixar de tentar fazer alguma diferença nesse mundo, é só que é preciso começar por algum lugar. E mesmo depois de 26 anos, continuo "tentando me encontrar".
— Prolixo.
— Não sou egoísta, só estou.
— Bem melhor. 




      My...Ache...
           Of self-awareness?
              Self-acknoledgement
              Selfishness
      My...   Self...
     —Am I  Awake?



            

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

-O que é preciso pra ser feliz?
-Já falamos sobre isso. Várias vezes... Sempre achamos que é algo especifico, geralmente algo que queremos muito naquela hora, e depois mudamos de ideia e tentamos descobrir de novo.
-Podia só dizer que não sabe.
-Não sei. Mas sei que vais tentar me fazer descobrir... De novo...
-Vou.
-...

-Sabe, estive muito triste ultimamente, vivendo no "piloto-automático" que tanto desprezava nos outros. No entanto, hoje o dia foi bom! Fluiu bem, me senti feliz e estou sorrindo com minhas musicas as onze e quarenta e quatro da noite, mesmo sabendo que vou acordar amanhã bem cedo pro trabalho.

-Que bom, quer dizer que seu cérebro está funcionando direito.

-Acho que é o fim.

-Já passou da hora. Vá ser feliz!

-Quero ser feliz. Mas tenho medo. E ela?

-Ela já está sofrendo. Ela percebe sua infelicidade, você faz tudo pra deixar claro.

-Será que devo tentar reconquista-la?

-Você quer isso?

-Não.

-Então porque tentaria? Só pra fingir? Pra faze-la feliz com uma ilusão temporária? Se aquele homem que rejeitou morfina visse isso, ia te bater.

-Se ele me batesse talvez a dor me fizesse acordar.

-Ou desmaiar...

-Idiota.

-Quanto amor próprio...

-Será que deixar que acabe aos poucos é melhor?

-Acredito que sim. Até agora tem dado certo. Primeiro vem as brigas, depois a raiva, e se fizermos certo, antes do ódio virá a indiferença. Ela é útil.




E depois de ultrapassar todos os limites do copo que nos continha, transbordamos...
...
   ...
     ...
Promovemos nosso relacionamento de copo a jarra. Porque dizem que no copo se bebe sem compromisso mas, com uma jarra se enche vários copos...
O que enchia o copo e saciava, na jarra não era nada. A jarra agora mal parecia conter um copo.

Por quê?  Não sei.