Certo de incertezas redundantes, resolveu escrever sobre o que sentia -Já não podia falar de outra coisa.
-Quando começamos essa conversa, há anos atrás, nada importava muito, a não ser suprir a falta de conversas satisfatórias. Hoje, isso parece ser o de menos. Tornamo-nos cada vez mais lacônicos, perdidos em nós mesmos, Nunca achei que, em um universo inteiro, minhas palavras perderiam-se no caminho entre lobo frontal e boca.
-Existem contas, quase tão longas quanto aquelas barganhas, que de tão mal feitas não foram finalizadas. É necessário arcar com o preço de viver. Responsabilidade é sinônimo de crescimento. Seja grato pelo que temos. Pare de alimentar a utopia das realizações plenas. Se um dia alcançássemos o balanço ficarias entediado.
-Estou entediado agora, e sem objetivos reais. As vezes minto para mim mesmo tentando acreditar que quero ser medico, ou psicologo. Não sei o que quero fazer da vida. Aliás, parece-me muito errado ter que querer fazer algo pela vida inteira. Seja lá quanto tempo isso vá ser.
-Sei disso, lembre-se que sou você, ou melhor: somos eu. Quanto a necessidade de eternizar vontades efêmeras: Pode não ser tanto tempo assim. Independente disso, o caminho é que importa, lembra?
-As vezes lembro, e nesses dias sou feliz. Noutros dias esqueço, mas sou mais feliz ainda quando deixo de pensar em tudo isso. Infelizmente: entorpecido. Essa droga de rotina é mais forte que a morfina daquele enfermeiro.
-Já tivemos rotinas adoráveis, o problema é a falta de vontade. O que queremos afinal?
-Como sempre: quero querer algo. E você?
-Não sei.
-Não sabemos*.
...
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