Em uma panela de contexto favorável coloque a doçura de músicas que tocaram em comerciais da infância, adicione um sorriso de quarto crescente, daqueles que passam rápido, mas iluminam a noite com penumbra suficiente para sentir sem medo. Polvilhe semelhanças a gosto e misture sobre o fogo alto das peles que se tocam.
Deixe esfriar em um recipiente onde os dois caibam confortavelmente, um sobre o outro, quando as respirações sincronizarem está no ponto de rir e olhar nos olhos.
Mexa a panela até que os traumas se dissolvam, lembre-se que o amargo no fundo do agrião pode ser doce e entorpecer a boca, nessa hora é melhor beijar que falar. Sopre palavras brandas no medo até que a casca rija deixe de ser impenetrável e torne-se crocante e palatável.
Dê tempo para o brigadeiro aveludar e tenha paciência consigo mesmo quando errar a receita. Não coma quente nem tudo de uma vez, a receita é para dois.
Amilton Montes
Amilton Montes
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