quinta-feira, 11 de maio de 2023

Nada, amor, (a)mar

 Corpos desnudos e almas cobertas,

Cascas de prazer cobrindo a paz de ser quem somos,

Camas viraram oceanos.

Quando as conexões deixaram de importar?

Amores líquidos e salgados jamais vão hidratar.

 Lágrimas gotejam de desapegos torpes,

Diluem-se em oceanos de suor, deságuam em peles impermeáveis.

A alma pede...

Mas a mar se perde,

Não sei nadar em amores modernos.



Texto: Amilton Montes
Imagem: Alma Gêmea Nequitz Miguel



terça-feira, 2 de maio de 2023

Brigadeiro de colher para dois.

 

     Em uma panela de contexto favorável coloque a doçura de músicas que tocaram em comerciais da infância, adicione um sorriso de quarto crescente, daqueles que passam rápido, mas iluminam a noite com penumbra suficiente para sentir sem medo. Polvilhe semelhanças a gosto e misture sobre o fogo alto das peles que se tocam.
    Deixe esfriar em um recipiente onde os dois caibam confortavelmente, um sobre o outro, quando as respirações sincronizarem está no ponto de rir e olhar nos olhos.
    Mexa a panela até que os traumas se dissolvam, lembre-se que o amargo no fundo do agrião pode ser doce e entorpecer a boca, nessa hora é melhor beijar que falar. Sopre palavras brandas no medo até que a casca rija deixe de ser impenetrável e torne-se crocante e palatável. 
    Dê tempo para o brigadeiro aveludar e tenha paciência consigo mesmo quando errar a receita. Não coma quente nem tudo de uma vez, a receita é para dois.

Amilton Montes

segunda-feira, 13 de março de 2023

—Os dias tem sido longos, anos se passaram nesse último mês.

—Você tem trabalhado entre 10 e 18 horas por dia, não tem como parecer diferente.

—Mesmo assim não foi suficiênte. 
—Não dá pra resolver tudo em um mês. Nem pra manter esse ritmo por muito tempo. O melhor a fazer é repensar tudo isso.

—Já anúnciei o apartamento, não sei onde vou morar ou se é uma boa ideia, devolver o carro é outra questão, mas ai não poderei mais sair nem naquelas 5 horas de folga do final de semana.

O curto diálogo se encerra quando percebo que não é só isso, nem o que deu errado ou a falta de dinheiro. Também não é a falta de "alguém", de amigos ou de sexo. É o vazio interno que sempre estará lá, com ou sem familia. Sophia, minha mãe meu irmão, amores e amigos ajudam. Literarura mede o buraco, mas o que preciso mesmo é aprender a conviver com ele. 


—Antigo, certo e esquecido. Sempre necessário lembrar. Talvez uma nova tatuagem? 

—O limite do cartão não permite, precisamos fazer dinheiro. 

—Fizemos metas, vamos tentar ganhar 500 por dia no final de semana, talvez funcione e relaxemos ao perceber que é possível. 

—Talvez, começamos amanhã, então? 

—Sim, que o resto de hoje seja calmo, em 39 minutos iremos dar aulas, antes disso podemos curtir o chá e tomar um banho. 

—Parece um bom plano. E quanto a internet e bateria do celular? 

—Vamos focar em uma coisa de cada vez. Trabalharemos todos os dias até dia 17, depois vemos como prosseguir.

—Combinado, essa é nossa prioridade então.

—Além disso, na sexta revemos o anúncio da casa, até lá deixe como está. 

—Vou republicar no grupo, pode surtir algum efeito.
—Não podemos controlar o que acontece, mas podemos focar em como reagimos a isso.

—Preciso lembrar: não vale a pena gastar sua energia com o que não posso mudar.



Há vida por todo canto

Contes com isso ou não,

Vem ávida à seu encontro,


Por pranto...

Por paixão!


Toque-a e se deixe tocar!

Notas?! Há vibração!

Cantos bons e cantos ruins, 

Cada canto a uma canção.


Se em canto de blues, sofra com whisky na mão...

Se em canto de dança, festeje! Mesmo sem razão!


Ouça, sinta, dance e viva! 
Vibre seu próprio refrão!

Que quando sua música parar de tocar,

Os por ela tocados de ti lembrem,

E assoviem saudades com sorriso no coração.

Amilton Montes