quinta-feira, 11 de maio de 2023

Nada, amor, (a)mar

 Corpos desnudos e almas cobertas,

Cascas de prazer cobrindo a paz de ser quem somos,

Camas viraram oceanos.

Quando as conexões deixaram de importar?

Amores líquidos e salgados jamais vão hidratar.

 Lágrimas gotejam de desapegos torpes,

Diluem-se em oceanos de suor, deságuam em peles impermeáveis.

A alma pede...

Mas a mar se perde,

Não sei nadar em amores modernos.



Texto: Amilton Montes
Imagem: Alma Gêmea Nequitz Miguel



terça-feira, 2 de maio de 2023

Brigadeiro de colher para dois.

 

     Em uma panela de contexto favorável coloque a doçura de músicas que tocaram em comerciais da infância, adicione um sorriso de quarto crescente, daqueles que passam rápido, mas iluminam a noite com penumbra suficiente para sentir sem medo. Polvilhe semelhanças a gosto e misture sobre o fogo alto das peles que se tocam.
    Deixe esfriar em um recipiente onde os dois caibam confortavelmente, um sobre o outro, quando as respirações sincronizarem está no ponto de rir e olhar nos olhos.
    Mexa a panela até que os traumas se dissolvam, lembre-se que o amargo no fundo do agrião pode ser doce e entorpecer a boca, nessa hora é melhor beijar que falar. Sopre palavras brandas no medo até que a casca rija deixe de ser impenetrável e torne-se crocante e palatável. 
    Dê tempo para o brigadeiro aveludar e tenha paciência consigo mesmo quando errar a receita. Não coma quente nem tudo de uma vez, a receita é para dois.

Amilton Montes